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Beatriz Haddad Maia em entrevista [parte I]: «Nunca duvidei que podia voltar ao topo do ténis»
Não é todos os dias que se pode falar com uma das tenistas que está em maior destaque nesta temporada. Em causa está Beatriz Haddad Maia, brasileira que tem brilhado em 2022, ocupando agora o 26.º posto do ranking mundial. A paulista tem quebrado barreiras atrás de barreiras e, em entrevista exclusiva ao Bola Amarela, confessou que é uma pessoa bem diferente daquela que tinha estado perto do top 50 há uns anos. Agora só quer continuar a crescer e a sorrir.
BOLA AMARELA – Depois de tudo o que passou e de ter voltado ao zero, sempre acreditou que era possível alcançar tudo isto?
BEATRIZ HADDAD MAIA – Sou uma pessoa muito resiliente em tudo o que passei na minha vida. Desde as lesões, a suspensão, sempre tive muito claro o meu objetivo e as pessoas e o ambiente em que precisava de estar para as coisas acontecerem. A partir do momento em que tive a oportunidade, patrocinadores, pessoas profissionais e muito capacitadas ao meu lado, isso deixou-me mais forte ainda para poder acreditar. Nunca duvidei que podia voltar ao topo do ténis, mas sabia que ia ser muito duro.
BA – Tem havido muitos momentos especiais esta época. Vários títulos, a final do Australian Open… Consegue destacar os três momentos mais importantes ou especiais?
BHM – Colocaria nos mais especiais a final do Australian Open. A primeira final de um Grand Slam nunca se esquece, foi muito especial para mim, até por partilhar o court com outra jogadora. É muito bom partilhar essa felicidade. O outro momento muito bom foi os torneios da terra batida e o meu primeiro título de 125 mil com o Rafa. Vínhamos de uma semana bem má em Madrid, em que joguei abaixo. Trabalhámos muito duro para as coisas acontecerem. E o terceiro momento mais especial foi essa gira na relva em que tive momentos muito bons. Conseguir jogar concentrada e em alto nível durante bastante tempo. Mentalmente foram semanas muito importantes na minha carreira.
BA – Chegou ao ponto de acreditar que ia ganhar os encontros todos em relva?
BHM – Claro que nunca entrei num court a pensar que ia ganhar o jogo. Nunca entramos a achar que vamos ganhar, entramos para trabalhar duro e criar oportunidades para poder, quem sabe, levar o jogo. Só consegui ter estas vitórias porque foquei no processo e não no resultado.
BA – Não é segredo que passou um momento difícil em 2019. Ver como lutou e voltou a este patamar tão alto deixa-a orgulhosa?
BHM – Claro que me deixa orgulhosa, mas o que eu mais valorizo mesmo é o trabalho duro, a entrega e todo este processo para começarmos a colher o que plantámos. Isso é o que me dá orgulho e não apenas os resultados.
BA – Como foi ter de baixar ao nível mais baixo ITF depois quase ter sido top 50?
BHM – Foi diferente. Quando eu fui quase top 50 da primeira vez, eu não tinha esta maturidade, a mesma equipa. Eu era outra pessoa e outra jogadora. Quando comecei o trabalho com o Rafa, Paulo e Urso, nós tentámos sempre buscar um trabalho consciente, de olhos abertos. Não somente para chegar lá, mas para jogar um ténis consolidado e evoluir passo a passo. É difícil comparar uma pessoa cinco anos depois porque como ser humano mudamos sempre e amadurecemos. Mas foi muito difícil. Passei por muitos momentos duros, até mais momentos duros do que glórias e vitórias. Mas estou muito feliz com este trabalho e processo.
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