Bjorn Borg: o homem de gelo que derreteu os apaixonados pelo ténis

Bjorn Borg: o homem de gelo que derreteu os apaixonados pelo ténis

Por Tiago Ferraz - julho 31, 2020
Bjorn-Borg
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O Bola Amarela quer terminar a semana em beleza e, nesse sentido, encetou esforços para falar de mais um tenista que derreteu os corações de todos os apaixonados pelo ténis. Embarque connosco e conheça a história de um dos melhores de sempre: Bjorn Borg.

Bjorn Borg nasceu a 6 de junho de 1956, em Estocolmo, na Suécia, e desde cedo teve contacto com o mundo da raquetas: quando era pequenino, Bjorn Borg era um apaixonado por uma raqueta em particular que o seu pai ganhou como prémio num torneio…De ténis de mesa. E foi assim que Bjorn Borg começou a sua paixão que ficou traduzida, anos mais tarde, no sucesso que teve na modalidade da bola amarela.

O sueco tornou-se profissional, em 1973, com apenas 17 anos, e precisou de muito pouco tempo para causar um verdadeiro impacto no circuito: neste primeiro ano, Borg não conquistou títulos, mas esteve presente nas finais dos torneios de Alamo, Estocolmo, Buenos Aires e marcou presença na sua primeira final em torneios de categoria Masters 1000, mas foi derrotado em Monte Carlo. Apenas um ano depois, em 1974, Bjorn Borg teve, finalmente, motivos para festejar numa época ‘assombrosa’. Bjorn Borg conquistou oito títulos nesta temporada sendo que se destacam dois de maior relevo: os Masters 1000 de Roma e o torneio de Roland Garros naquele que seria o primeiro título em ‘majors’ para o sueco (bateu o espanhol Manuel Orantes na final em Paris).

No ano seguinte, em 1975, Bjorn Borg voltou a estar a bom nível, mas venceu ‘apenas’ cinco títulos: ainda assim, o sueco voltava a ser feliz na amorosa cidade de Paris ao conquistar o seu segundo título do Grand Slam, segundo em França, após vencer Guillermo Villas. Esta temporada ficou ainda marcada pelas conquistas nos ATP de Richmond, Bolonha, Boston e Barcelona.

1976 marcou mais um ano de sucesso e, mais do que isso, foi o ano que marcou o início do domínio do sueco na relva sagrada do torneio de Wimbledon. Em 1976, Bjorn Borg venceu sete títulos entre os quais está, claro, o seu primeiro troféu em Wimbledon e terceiro ‘major’ com apenas quatro anos de carreira profissional: neste ano, Bjorn Borg fez a festa ao derrotar o romeno Ilie Nastase naquilo que seria um aviso à navegação para o que aí vinha. Ainda assim nem tudo correu bem neste ano para o escandinavo uma vez que Bjorn Borg foi derrotado na final do US Open por Jimmy Connors na grande final.

No ano seguinte, em 1977, o domínio de Borg começava a acentuar-se e, neste ano, o sueco venceu 12 (!) títulos individuais e, sem surpresa, o torneio de Wimbledon voltava a ser pintado de azul e amarelo (as cores da bandeira sueca) naquele que foi o terceiro título consecutivo do Grand Slam em terras de sua majestade para Borg que já somava quatro títulos em ‘majors’. Neste mesmo ano, Bjorn Borg chegou à liderança do ranking mundial pela primeira vez.

Em 1978, o sueco Bjorn Borg voltou a sorrir em torneios do Grand Slam depois de conquistar Roland Garros e Wimbledon (este último pela terceira vez consecutiva) numa altura em que os títulos em majors subiam para seis., mas ainda assim, 1978 ficou marcado por novo sabor amargo no US Open: Bjorn Borg voltou a perder o encontro decisivo, dois anos depois, ao ceder perante Jimmy Connors que começava a ser um ‘fantasma’ para o sueco. Este terá sido dos poucos pontos negativos de uma temporada que, além de Wimbledon e Roland Garros, lhe deu mais sete títulos entre os quais está mais um Masters 1000 em Roma (segundo da carreira).

Na temporada que se seguiu, 1979, Bjorn Borg conquistou 13 (!) títulos naquele que terá sido, porventura, o seu melhor ano de carreira: Bjorn Borg defendeu com sucesso os títulos em Roland Garros e Wimbledon (quarto título em ambos os torneios) para somar oito títulos do Grand Slam na carreira. Em Wimbledon, Bjorn Borg bateu Roscoe  Tanner na final e em Roland Garros foi mais feliz do que o paraguaio Victor Pecci. No final de ano foi, sem surpresa, que Bjorn Borg terminou 1979 na liderança do ranking mundial o que era algo inédito para o sueco.

1980 foi, porventura, um dos melhores anos para os amantes do ténis e para Bjorn Borg, em particular. Numa altura em que começava a emergir uma das maiores rivalidades de sempre no mundo do ténis: John McEnroe vs Bjorn Borg. Neste ano, o sueco conseguiu o impensável e conquistou o “penta” em Wimbledon ao bater, precisamente, John McEnroe naquele que terá sido um dos melhores encontros de sempre de uma rivalidade que ganhava cada vez mais cor.

Esta rivalidade teve dimensões tão grandes que, mais recentemente, em 2017, foi lançado um filme com o nome de Borg vs McEnroe que conta a história, precisamente, dessa grande rivalidade. A história do filme incide a ação no caminho de Bjorn Borg e de John McEnroe até à final de Wimbledon de 1980 num filme que, na nossa visão, está  muito bem conseguido.  A história realça bem as diferenças de personalidade entre os dois e retrata, fielmente, o que ambos eram: Borg era muito mais calculista e McEnroe era muito mais irrequieto e tinha as emoções à flor da pele. Neste ano, Bjorn Borg ia à procura de um quinto título consecutivo na relva de Wimbledon sendo que John McEnroe queria quebrar a hegemonia do rival. É um verdadeiro retrato (bem conseguido) daquela que foi uma final, absolutamente, épica e que é recordada como uma das melhores finais de todos os tempos em torneios do Grand Slam. Os dois tenistas eram rivais e opostos em (quase) tudo. Bjorn Borg (quase) não demonstrava emoções, era visto como o ‘homem de gelo’ e era muito disciplinado. Este facto fazia com que o próprio fosse capaz de suportar a pressão e guardar os pensamentos durante um encontro sem os exteriorizar por uma vez que fosse. Era impressionante. Já John McEnroe, pelo contrário, era conhecido por ter um temperamento peculiar, pelo equipamento que usava court e, principalmente, pelos sucessivos protestos com o árbitro de cadeira o que lhe valiam (quase sempre) multas e/ou uma dúzia de raquetas partidas (por encontro quase) devido à fúria que demonstrava em court. Era, realmente, impressionante. Ambos eram opostos e rivais na época. Ainda assim, Bjorn Borg conseguiu vencer um encontro espetacular e conquistou mesmo o quinto título consecutivo.

 

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Neste mesmo ano, Bjorn Borg venceu ainda mais sete títulos entre os quais esteve o Masters de final de época: nesta altura Borg foi feliz e voltou mesmo a vencer John McEnroe.

Ainda assim o domínio de Borg viria a terminar em 1981. Neste ano, Bjorn Borg foi às finais do US Open e de Wimbledon, mas não foi feliz: em Wimbledon voltou a medir forças na grande final com John McEnroe e, desta vez, perdeu: John McEnroe conseguiu fazer história, conquistou o torneio de Wimbledon pela primeira vez naquela que foi uma espécie de vingança daquilo que o norte-americano tinha vivido no ano anterior. Este triunfo contribuiu para o fim do ‘reinado’ do sueco Bjorn Borg na catedral do ténis numa altura em que procurava ‘prolongar’ a história e vencer o major britânico pela sexta vez consecutiva.

Nesta temporada (1981) Bjorn Borg conquistou apenas três títulos sendo que o mais importante foi, novamente, em Roland Garros. Neste ano, Bjorn Borg perdeu ainda as finais do US Open (também para John McEnroe) e em Milão também não conseguiu vencer o encontro decisivo.

Ao longo da sua carreira, Bjorn Borg venceu 11 títulos do Grand Slam sendo que nunca conquistou o US Open e/ou o Australian Open, mas conseguiu ser ainda um exímio jogador na Taça Davis ao serviço da Suécia. No total conquistou 66 títulos na variante singular e mais quatro na variante de pares em toda a carreira. Retirou-se dos courts em 1983.

Bjorn Borg é, sem dúvida, um dos nomes mais queridos do ténis mundial e marcou uma geração. Por tudo o que conseguiu ao longo da sua carreira será, para sempre, lembrado como um dos melhores de todos os tempos da modalidade da bola amarela à semelhança de outros como René Lacostevon Cramm e Fred PerryMaria SharapovaGuga KuertenDon BudgeBoris BeckerJohn McEnroeMónica SelesNoahRoland GarrosStan Smith , Steffi GrafAndy RoddickAndré AgassiNalbandian ou Pete Sampras.

Jornalista de formação, apaixonado por literatura, viagens e desporto sem resistir ao jogo e universo dos courts. Iniciou a sua carreira profissional na agência Lusa com uma profícua passagem pela A BolaTV, tendo finalmente alcançado a cadeira que o realiza e entusiasma como redator no Bola Amarela desde abril de 2019. Os sonhos começam quando se agarram as oportunidades.