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Juan Rodriguéz: «Superámos as expetativas no Lisboa Challenger»
Juan Manuel Rodriguez chegou a 22º no “ranking” World Padel Tour (WPT), em 2007, e atualmente trabalha com a Seleção Nacional, além de ser diretor desportivo de três escolas em Bilbao. Deixou de competir ao mais alto nível há meia dúzia de anos, por “não haver apoios financeiros como hoje em dia”, e orientou a sua carreira para o ensino. “Não jogava mal”, recorda ao Bola Amarela Padel o argentino que, aos 33 anos, é igualmente treinador de alguns jogadores portugueses.
No Lisboa Challenger, torneio do WPT, formou equipa com Andoni Bardasco – a regressar ao circuito após uma lesão e que na altura estava sem parceiro – e acompanhou de perto a campanha nacional. E no final, além de confessar ter ficado surpreendido e bastante agradado com a presença histórica de Diogo Rocha e João Bastos na segunda ronda do quadro principal, assegura que a principal diferença entre os portugueses e os jogadores do circuito mundial está “no tempo em que praticam a modalidade”.
Que balanço faz da participação portuguesa no Lisboa Challenger?
Tendo em conta os resultados alcançados e comparando com os do último torneio, de características muito semelhantes, realizado em Lisboa há dois anos, julgo que o balanço é muito positivo. Antes do início do Lisboa Challenger, havia o receio de nenhuma dupla conseguir o apuramento para o quadro principal, pelo que superámos as expectativas.
Alguma vez imaginou que fosse possível Diogo Rocha e João Bastos chegarem tão longe?
Sinceramente, não. Queria que eles lutassem por uma vaga no quadro principal. E quando saiu o sorteio, disse-lhes que estava ao alcance deles, mas nunca imaginei que poderiam ganhar também o segundo encontro. Aliás, todos os antecedentes jogavam contra eles.
A que antecedentes se refere?
O Diogo tinha perdido contra a mesma dupla duas vezes consecutivas e numa delas teve a um ponto de aceder ao quadro principal do WPT.
Juan Manuel Rodriguez, selecionador nacional
Atendendo à sua experiência, não só como selecionador mas como jogador também, o apoio do público faz mesmo diferença? Conta e ajuda quem está em campo?
O ambiente que se viveu no Clube VII foi muito importante. Os jogadores portugueses jogavam com um apoio e uma motivação extra. O público comporta-se de uma maneira diferente nos outros países e eles souberam tirar proveito disso.
Esteve sempre próximo de Diogo Rocha e João Bastos no torneio, apesar de não ser treinador deles. Que sentiu?
Tive realmente muita pena de não poder sentar-me no banco com eles. Mas, por uma questão de regulamento, por estar a jogar no quadro principal, tentei ajudar o máximo mas da bancada. Acho que eles passaram por fases distintas, tanto antes dos encontros como nos intervalos. Mas sempre os vi bem, controlando os encontros, tentando controlar os nervos em cada situação e inclusivamente sobrepondo-se quando estavam em desvantagem no marcador.
Neste tipo de encontros e a este nível, o que é mais importante: o talento e a resistência física ou a capacidade psicológica para saber gerir o encontro e as emoções?
O mais importante é aliar todas essas capacidades. Não há nenhuma que se sobreponha às outras mas há momentos em que uma dessas valências predomina sobre as restantes.
Olhando agora para trás, considera que Diogo Rocha e João Bastos poderiam ter eliminado Uri Cohen e Javier Concepción ou era um encontro sem qualquer possibilidade dos dois portugueses saírem vencedores?
É muito difícil responder a isso agora. Era o primeiro a desejar que o Diogo e o João tivessem ganho esse encontro mas o Uri e o Javier são jogadores que já conseguiram muito bons resultados, atingiram rondas finais de torneio Open e Master do WPT, além de terem batido duplas pré classificadas (as oito primeiras de cada torneio do WPT). Em princípio, seria muito complicado o desfecho desse encontro ser outro, mas a condição de jogarem casa com o apoio do público poderia ter ajudado um pouco o Diogo e o João.
O que faz a diferença entre Diogo Rocha, João Bastos, Miguel Oliveira, entre outros portugueses, e os habituais jogadores do WPT?
A diferença está, sem dúvida, no tempo em que praticam esta modalidade. A experiência, a leitura e o conhecimento do jogo em si. A maioria dos jogadores portugueses começaram a jogar já na idade adulta e oriundos de outra modalidade. Além disso, as condições de treino e o tempo que passam noutro ritmo de jogo é bastante diferente da maioria dos jogadores do WPT. Mas os jogadores portugueses estão a jogar cada vez melhor, os resultados também estão a evoluir imenso, desde que começaram a jogar no circuito e percebem a necessidade de treinar com os melhores, por isso as viagens a Espanha são cada vez mais frequentes.
“Pascoal e Oliveira falharam psicologicamente”
Miguel Fonseca Oliveira e Vasco Pascoal
O Juan acompanhou o Miguel Oliveira e o Vasco Pascoal, sem grande sucesso, no Lisboa Challenger. Que falhou nesta dupla?
Eles falharam, na minha opinião, na parte psicológica. Acho que começaram a jogar o Lisboa Challenger várias semanas antes e o excesso de vontade e expectativas muitas vezes não resulta bem, joga contra nós. Além disso, no caso do primeiro encontro, o Vasco e o Miguel começaram a jogar já depois da vitória do Diogo e do João, o que aumentou um pouco a pressão para fazer igual e um bom resultado. No segundo encontro, o primeiro do quadro principal, o nível de jogo foi melhor mas os adversários foram demasiado fortes. No segundo set, tiveram várias oportunidades mas perderam-nas com uma decisão do árbitro, que não souberam superar.
Que conselhos/dicas tenta passar aos jogadores portugueses para poderem evoluir na carreira?
Os conselhos são os mesmos para todos: esforço, dedicação, trabalho e, sobretudo, vontade. Se eles tiverem vontade de ser profissionais não há desculpas sobre as condições que têm para treinar e cada competição tem de ser a mais importante do calendário competitivo. O resto é um pouco de sorte!
“Nota-se evolução no padel português”
Diogo Rocha
Durante o Lisboa Challenger, várias vezes, foi comentado por jogadores do circuito mundial que o padel português evoluiu muito desde 2013. Concorda?
Claro! Nota-se uma evolução e os resultados demonstram isso mesmo. Os jogadores estão cada vez mais e melhor treinados. Os treinadores, em Portugal, começam a ter uma melhor formação e percebe-se que estão a fazer um grande trabalho, como é o caso, só para dar alguns exemplos, do José Pires da Silva, Pedro Plantier, Bruno Aguiar e o próprio João Bastos. Estão a fazer um trabalho notável com os jogadores portugueses. Pouco a pouco o nível de jogo vai melhorando e os torneios internos também aumentam o nível e isso ajuda bastante.
Qual o caminho a seguir para o padel português conseguir colocar mais vezes jogadores nos quadros principais do WPT?
Tal como dizia em relação aos resultados, é uma questão de trabalho e vontade. Ser jogador profissional pode parecer bonito, e é sem dúvida, mas implica sacrifícios que nem todos estão dispostos a assumir e muitos riscos também. Se decidirem apostar nisso o nível irá aumentar e os resultados chegam seguramente. De um modo geral, é necessário melhorar os torneios, aumentar o número de jogadores jovens e os clubes apostarem mais nesta modalidade, de maneira a que o padel chegue a mais pessoas. Isso aumentará o nível de jogo e a ter um incremento de jogadores.
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