Tenista que passou o qualificatório de Wimbledon surpreende: “Não desejo esta vida a ninguém”
Maxime Janvier, francês de 27 anos, vai estrear na chave principal de Wimbledon nesta semana, depois de ter passado com sucesso a fase do qualificatório. E depois de viver um dos momentos mais marcantes da sua vida, o tenista francês surpreendeu ao se mostrar desgostoso… com a vida que tem.
“Se pudesse voltar a começar a minha vida de novo, jamais teria pegado numa raquete de tênis. O tênis só me dá desgostos e está constantemente me desiludindo. Se soubesse que ia ser assim no início da minha vida, não teria me dedicado a esta carreira. Não desejo esta vida a ninguém. Há uma falta de estabilidade que é permanente. Em um ano pode ser top 50 e no outro estar como 800 do mundo. Não se pode esperar nada deste esporte. Quando era jovem, amava o tênis. Hoje em dia acho uma modalidade injusta”,confessou em entrevista muito forte e honesta ao jornal ‘L’Equipe’.
Janvier criticou o sistema de wildcards que facilita a vida de alguns jogadores. “Tem jogadores no top 300 que são melhores do que outros que estão no top 50, mas que simplesmente recebem convites toda a hora. Alguns jogadores são impedidos de subir na classificação.Tem que fazer como o Mpetshi, que teve que vencer dois ou três Challengers e se dar bem em um ATP 250. Quem está no top 50 só precisa vencer uma partida e isso já vale tantos pontos quanto uma final de Challenger.É praticamente impossível chegar no topo, tudo isso me afastou do tênis. Se pudesse recomeçar, teria ido para o futebol ou basquete”.
E por que não deixa o tênis? “Por causa dos prêmios.É muito difícil, porque o dinheiro de um resultado pode mudar completamente a sua vida em três meses se jogar bem.Se não fosse o aspecto financeiro, eu já teria desistido há muito tempo.Claro, jogar Wimbledon, fazer segundas semanas… Prefiro isso a outros trabalhos, por isso continuo.Se daqui a três anos eu estiver como 400 do mundo, vou dar a mim mesmo três meses para subir novamente no ranking e se não conseguir, vou abandonar.Adoraria ser professor de tênis, em qualquer nível, para transmitir os meus conhecimentos.O que gosto no tênis é que é o teu próprio patrão”.
Janvier chegou a pedir um empréstimo de 50 mil euros para poder continuar a sua carreira. “Eu estava falido!Completamente arruinado.Muito estresse.Trabalhei 24 horas por dia e terminei o mês com prejuízos de 2.000€ ou 3.000€.Não consegui continuar, foi insuportável, horrível.Nunca mais terei treinador, estou sozinho há dois anos.Muitas despesas, não ganho nada.Sou um tenista com salário mínimo.Se eu parar amanhã, estou no zero.Nunca tive ajuda da minha família nem de ninguém. Há jogadores com rankings piores, mas com patrocinadores.Tentei encontrar patrocinadores, mas ninguém quer me apoiar.“
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