Pouille revela ter vencido depressão: “Disse basta ou então acabaria num manicômio”
Lucas Pouille, um dos eternos talentos do tênis francês, está vivendo uma fase de reconstrução depois de ter enfrentado uma depressão.
Esta foi uma novidade que surpreendeu tudo e todos, mas foi o próprio francês que revelou numa grande entrevista ao L’Equipe. “Comecei a ter um lado mais obscuro e entrei numa depressão que começou depois de Roland Garros, na Inglaterra, só dormia uma hora por noite e bebia. Me esforcei muito, passei semanas inteiras treinando para que, no momento em que estou preparado, se estrague tudo. Me lesionei e fui para o hospital de Niza durante duas semanas em uma cama hiperbólica para me ajudar a curar mais depressa, estava rodeado de enfermeiros, pessoas em fase final de vida, pessoas em fase final de câncer e eu estava ali por uma pequena fratura”, contou.
“Isso pode te ajudar a relativizar as coisas, mas me dava muito medo. Não podia dormir, entrava em algo sombrio. Depois de uma semana sem dormir, tirei todas as minhas raquetes e perguntei à minha família: ‘Parece normal que eu, com 28 anos, pai, chore todas as noites no meu quarto de hotel cada vez que perto'”, contou.
“Todas as manhãs me perguntavam se dormia e eu mentia, dizia que tinha alergia ao pólen ou à grama. Me fechava, não falava com ninguém sobre isso. Não sou a pessoa que mais fala. Estava num lugar ruim e disse basta. Caso contrário, teria acabado num manicômio. Pela minha saúde mental, tive de parar, ia chocar contra a parede. Não me respeitava como jogador. Não podia mostrar essa imagem de mim mesmo. Houve uma vez em que durante a noite recebi uma notificação no telefone e vi uma foto da minha filha. Pensei: ‘Não pode ser assim'”, contou.
Agora, Pouille parece recuperado, depois de seis meses sem jogar – entre junho de 2022 e janeiro deste ano – e tem uma certeza: o tênis continua a ser a sua paixão. “Foi muito interessante sair, deixar de falar de tênis foi muito bom para a cabeça. Dei conta que o tênis era a minha vida, por isso, voltei a pegar na raquete. Penso nos Jogos Olímpicos todos os dias. É o único evento em que não participei. Estar nos Jogos de Paris é a experiência da minha vida. Querotentar“, concluiu.