O regresso de Jorge Dias: o árbitro português «com mais currículo a todos os níveis»
O português Jorge Dias é provavelmente o árbitro de ténis no mundo com o maior currículo mas desde 2003 que não exerce funções a nível profissional. Com saudades dos courts e dos tempos de oficial, anunciou há pouco tempo que iria voltar ao ténis mas, em declarações ao Bola Amarela, disse que o seu objetivo não passa pelos Grand Slams e os grandes torneios do circuito.
Presença em duas edições dos Jogos Olímpicos, três finais da Taça Davis, três finais da Fed Cup, cerca de 25 finais WTA e algo como 69 finais ATP. O percurso de Jorge Dias como árbitro-de-cadeira tem muito que se lhe diga.
“Tenho estado em contactos telefónicos e emails e até chegar aqui foi um processo muito doloroso”, disse Jorge Dias, que manifestou à ITF a sua votade em regressar há cerca de cinco meses, “para todos os efeitos eu não sou um árbitro qualquer, e ainda hoje devo ser o árbitro com mais currículo a todos os níveis”.
Mas afinal, em que moldes se vai dar o regresso de um dos maiores profissionais da arbitragem de ténis? O próprio explica:
“Não é um regresso, a minha carreira como árbitro profissional terminou há muito tempo. O meu objetivo não é exercer a nível profissional, mas fazer mais os torneios em que realmente precisam de mim: os juniores e os Futures, principalmente em Portugal. Não quero andar a viajar muito”
Jorge Dias terminou a sua carreira de árbitro-de-cadeira em 2003, dois anos depois de se ter tornado no primeiro “estrangeiro” a estar numa final de singulares de Wimbledon, já que, na altura, era bastante raro num torneio do Grand Slam não ser da nacionalidade do país em questão.
Depois de todos estes anos sem exercer, a classificação do português dentro da ITF foi descendo, embora Jorge Dias frise: “Para mim sou sempre Gold Badge”. Aquando do seu regresso, o antigo juíz terá de fazer o curso de Grau 2, que lhe dará o White Badge, com o qual poderá exercer as funções de juíz-árbitro em torneios de juniores e de veteranos.
“É algo que poderá levar pelo menos dois anos. Tiro o nível dois, white badge, e depois tenho de fazer torneios, algo para o qual não tenho muita disponibilidade. Fazer Futures vai depender muito da boa-vontade da ITF”, referiu.
Acima de tudo, o maior desejo é regressar a Portugal
A pouca disponibilidade em viajar prende-se não só com os seus 53 anos mas também com a sua família e o seu filho, de três anos e meio, que deverá começar a primária em Portugal.
“Apesar de não ser muito jovem na minha vida sempre quis ter objetivos, e o meu objetivo será voltar a Portugal daqui a três, quatro anos”, disse Jorge Dias, atualmente a viver na Bélgica mas a trabalhar, numa empresa de materiais no Luxemburgo, onde também dá aulas de ténis e joga no circuito de veteranos.
No regresso ao seu país natal, o lisboeta revela que espera manter-se totalmente ligado ao ténis: “ou com uma coisa minha, que dependa só de mim, ou em algum projeto que queiram que eu participe. Tendo o curso de juíz-árbitro é mais uma ajuda para fazer qualquer coisa em Portugal além das minhas outras funções no ténis, como a de treinador”.
Depois de ter ensinado atuais figuras respeitadas no mundo da arbitragem, como Pascal Maria, James Keothavong e o próprio Carlos Ramos, Jorge Dias diz que prefere estar onde é mais preciso e voltar a ensinar jovens talentos, tanto os que estão dentro do court como em cima de uma cadeira. O calor de Portugal, juntamente com a família e os amigos, já o esperam por cá.