O que disseram os jogadores de topo sobre a controvérsia do momento
Já se vai disputando o Miami Open, mas é ainda com um pé em India Wells que os jogadores vão estando, tudo graças à intensa discussão que se gerou sobre a igualdade de prémios monetários entre género, depois das declarações pouco oportunas do diretor e CEO do torneio, que entretanto pediu demissão do seu cargo.
Durante uma conversa com os jornalistas, Raymond Moore disse que as jogadoras deviam agradecer o facto de jogadores como Roger Federer e Rafael Nadal existirem, já que carregam o ténis às costas e levam o ténis feminino de arrasto.
A guerra montou-se em menos de nada. De um lado os defensores da igualdade de tratamento, nomeadamente no que toca aos prémios monetários, do outro os que consideram que é justo que os jogadores tenham prize money mais avolumados, já que são os que mais atenção, patrocinadores e audiência congregam e, por isso, os que mais receita geram.
Novak Djokovic: “Compreendo o poder e energia que a WTA e todos os que advogam prémios iguais investiram para alcançar isso. Aplaudo-os por isso, honestamente; lutaram por aquilo que mereciam e conseguiram-no. Por outro lado, penso que o mundo ATP devia lutar por mais, porque as estatísticas mostram que temos mais espectadores nos encontros masculinos”.[Djokovic explicou depois não se ter expressado da melhor forma].
Billie Jean King: “Ele está errado a vários níveis. Cada jogador, especialmente os do topo, contribuem para o nosso sucesso.”
Martina Navratilova: “O Novak Djokovic, que eu adoro, claramente não percebe que quando há torneios combinados todos devem ser pagos de forma igual; pensei que esse era um problema que já tínhamos resolvido há alguns a anos”.
Victoria Azarenka: Penso ser nosso dever continuarmos a trabalhar duro, apesar dos comentários que possam surgir. Temos de ser melhores que tudo isso”.
Serena Williams: “Desculpem, o Roger jogou aquela final? Ou o Rafa ou outro homem qualquer esteve naquela final cujos bilhetes esgotaram antes da final masculina? Não me parece.” [relembrando a final do ano passado do Open dos Estados Unidos, jogada entre as italianas Roberta Vinci e Flavia Pennetta].
Angelique Kerber: “Acho que é melhor que ele já não seja diretor do torneio. Nós temos trabalhado muito e a WTA tem-nos ajudado nesse sentido” [sobre a demissão de Raymond Moore].
Serena Williams: “O Novak tem o direito à sua opinião mas, se ele eventualmente tiver uma filha, quero ver ele a dizer-lhe que o seu filho merece mais dinheiro do que ela porque é um rapaz. Jogo ténis desde os dois anos e seria chocante dizer que o meu filho merecia mais do que a minha filha”.
Andy Murray: “Eu acho que devia ser 100 por cento igual. Se a Serena jogar no Court Central e tiveres um encontro masculino com o Stakhovsky a jogar, as pessoas vão ver a Serena”.
Kei Nishikori: “Também se vê grande ténis feminino. Muita gente quer ver o ténis feminino, principalmente a Serena”.
Petra Kvitova: “[As palavras de Djokovic] não foram muito simpáticas. Foram dececionantes. Nós treinamos 100 por cento igual aos homens. Temos problemas com as hormonas e outras coisas? Ele não devia ter dito isso”.
Stan Wawrinka: “Eu quero igualdade. O que o Novak disse não foi correto e a ATP luta por melhores prémios porque é a única forma de evoluirmos. Sou pai, tenho uma filha e quero que ela tenha os mesmos direitos dos rapazes”.
John Isner: “O nosso circuito está a lutar por aquilo que merecemos e o WTA também”.
Jo-Wilfried Tsonga: “É importante que todos sejam tratados da mesma forma”.
Agnieszka Radwanska: “Temos trabalhado tanto para isto, despendemos tanto tempo a treinar. Acho que não fazemos menos que os homens. Não merecemos prémios monetários menores”.