Nadal: «Fiquei completamente coxo depois de defrontar o Moutet e foi aí que decidimos adormecer o nervo»
Rafael Nadal deu esta segunda-feira uma muito interessante entrevista ao site espanhol do ATP Tour, onde assume como se tem sentido no pós-14.º título em Roland Garros. O espanhol de 36 anos diz que os sacrifícios das infiltrações valeram a pena e não está preocupado com a sua vida após o ténis.
COMO ACORDOU NO DIA SEGUINTE AO TÍTULO?
Estou bem fisicamente, como estive sempre durante o torneio apesar das duras batalhas. Acordei bem fisicamente, com a exceção do pé, que não me deixou dormir com dores, depois de seis semanas de analgésicos, injeções, antinflamatórios. Vou ter uns dias complicados nesse sentido agora.
ENCONTRO COM MOUTET FOI O PONTO DE VIRAGEM
Fiquei completamente coxo. Ainda não tinha feito as infiltrações do nervo que depois comecei a fazer. Foi nesse momento que tomámos essa decisão e foi a melhor que poderíamos ter tomado. As infiltrações nem sempre têm o mesmo efeito, mas normalmente de sete a oito horas. Não é matemático. A injeção dói. É superável, mas passar por este processo todos os dias 20 minutos antes de cada encontro não é agradável.
O QUE SENTE QUANDO É INJETADO
Tenho controlo do pé, mas perco completamente a sensibilidade. Passo de coxo a sem dores e isso é bom, mas por outro lado corro riscos diferentes, como entorses no tornozelo por causa da falta de sensibilidade. Não é uma solução que eu possa usar muitas vezes, mas foi a única opção depois das dores que tinha em Madrid e Roma. Não conseguia correr nem jogar.
QUANDO JOGOU PELA ÚLTIMA VEZ SEM TOMAR ANALGÉSICOS?
Não quero entrar nessa conversa. Todos os desportistas passam por estes processos e tomam aquilo que acham necessário para competirem da melhor forma.
O QUE ESPERA DO NOVO TRATAMENTO?
O objetivo do tratamento que vou fazer é claro: ter a sensação permanente do pé dormente, sem sensibilidade, que tenho quando tomo as tais injeções. Se conseguirmos que o nervo adormeça, as dores passam e posso continuar a jogar. Esse é o objetivo.
VIDA DEPOIS DO TÉNIS CONDICIONADA PARA SEMPRE?
Não tenho medo de como será a minha vida depois do ténis. Sempre tive a noção de que os sacrifícios da minha carreira afetariam a minha qualidade de vida. Há muitas coisas que me fazem feliz e vou continuar certamente a ser feliz.
COMPENSA PROSSEGUIR?
O que compensa em continuar é continuar a sentir-me competitivo. Quem está comigo no dia a dia sabe aquilo pelo qual tenho passado. Mas continuamos na luta, à procura de soluções. Se o tratamento não resultado, poderei pensar em ser operado, mas não é certo que o problema fique resolvido a 100 por cento.