Kerber nega história a Serena e é campeã em Melbourne
“Ele ainda é teu, Steffi”. Angelique Kerber alcançou este sábado uma das proezas mais difíceis de conseguir na história do ténis: derrotar Serena Williams na final de um torneio do Grand Slam. Aos 28 anos, a alemã fez a exibição da sua carreira para derrotar a norte-americana por 6-4, 3-6 e 6-4 e se tornar na primeira alemã desde Steffi Graf em 1999 a conquistar um Major.
Kerber torna-se apenas na quarta mulher da história a derrotar Serena Williams na final de um torneio do Grand Slam, depois de Venus Williams (3 vezes), Maria Sharapova e Samantha Stosur. Só a russa, em Wimbledon 2004, e agora a alemã o fizeram nas suas primeiras finais de Grand Slam da carreira, o que em teoria é de um grau de dificuldade ainda maior.
O triunfo do Kerber assegura, ironicamente, que Steffi Graf mantém o recorde de tenista com mais Grand Slams na Era Open por pelo menos mais 5 meses. Williams nunca tinha estado tão perto de somar o 22.º título em Majors e acabou por ser uma alemã, que sempre idolatrou Graf e com a qual conversa de forma regular, a impedir que tal acontecesse… para já.
Quanto a Kerber, a alemã vai aparecer esta segunda-feira na segunda posição do ranking mundial, apenas atrás de Serena Williams. Desde Steffi Graf que uma alemã não ocupava uma posição tão alta na hierarquia mundial feminina. Nos homens, só Tommy Haas também foi número dois nos últimos 20 anos.
O encontro:
Uma das finais de Grand Slam mais equilibradas dos últimos anos até começou com o jogo mais rápido do encontro. Serena Williams fechou em branco, mas a sua noite tranquila acabou aí, com a norte-americana a sofrer o primeiro break minutos depois, para ficar a perder por 2-1.
Williams reagiu, devolveu o break no sexto jogo do set, começou a soltar vários audíveis “come on”, mas rapidamente se viu quebrada novamente, no sempre delicado sétimo jogo. Desta feita, Kerber resistiu às investidas de Williams e conseguiu confirmar o break, fechando mesmo a primeira partida com um dos seus raros jogos de serviço em branco no encontro.
O segundo set foi diferente: Williams cortou no número de erros não forçados, serviu muito melhor e não enfrentou qualquer ponto de break. Essa maior tranquilidade nos seus jogos de serviço permitiu-lhe jogar mais solta nos jogos de resposta, com o único break do set – que o definiu – a acontecer no quarto jogo do parcial.
Quando se pensava que Serena Williams arrancava para mais uma vitória em torneios do Grand Slam após perder o primeiro set, como aconteceu por oito vezes em 2015, Kerber mostrou… outras ideias. A alemã aguentou-se muito bem nos primeiros três jogos de serviço e a ganhar por 3-2 subiu ainda mais o nível e venceu um sexto jogo titânico, que a colocou mais perto do título.
A vencer por 5-2 e com toda a pressão do seu lado, a alemã acusou um pouco o momento e foi quebrada na hora de servir para fechar o encontro, com a natural contribuição de Williams, que em situações de pressão mostra ainda mais a razão pela qual é uma das melhores – para muitos a melhor – tenistas de todos os tempos.
Ainda assim… Kerber não desistiu. Cerrou os dentes, lutou por cada ponto e… fechou o encontro no serviço da norte-americana. Williams ainda virou de 0-30 para 40-30 no último jogo, esteve a um ponto de igualar totalmente o marcador, mas a alemã venceu os últimos três pontos do encontro e celebrou o triunfo no chão, em lágrimas, após ver um volley de Serena voar para além da linha de fundo.