Foto com Djokovic salva brasileiro da prisão quando viajava com refugiados
Quando Edgard Raoul Gomes decidiu largar tudo no Brasil para ir ajudar refugiados na Europa, longe estaria de imaginar que chegaria a sentir o frio das algemas nos pulsos e, mais do que isso, que seria a fotografia tirada com Novak Djokovic há alguns anos, religiosamente guardada no seu telemóvel, que o livraria de ir parar à prisão.
Ajudar famílias sírias e afegãs na Grécia foi a causa que fez mover o advogado brasileiro de 29 anos, mas foi a decisão de fazer a rota terrestre de refugiados até à Alemanha que o colocou em mais lençóis. Raoul Gomes estava há duas semanas entre os refugiados, apenas com dinheiro, passaporte e uma mochila, quando, na fronteira da Sérvia com a Macedónia, foi abordado pela polícia sérvia, que o levou para uma sala fechada.
Apesar dos apelos para que as perguntas fossem feitas em inglês, seguiu-se o interrogatório numa língua totalmente desconhecida. Sem possibilidade de defesa, e sem ter na sua posse o documento de registo que os refugiados teriam recebido na Grécia, o advogado de São Paulo terá sido encarado como um criminoso que transportava refugiados de forma ilegal a troco de milhares de euros.
Este retrato livrou-me de ser preso. Muito obrigado, Djoko.
Com as algemas a serem acionadas, Raoul Gomes decidiu tentar a sua sorte com um golpe de génio e, simultaneamente, de sorte. Pegou o no seu telemóvel e mostrou aos polícias sérvios a fotografia que tirou há alguns anos com Novak Djokovic, personalidade verdadeiramente idolatrada no seu país. A estratégia resultou.
“Durante esta jornada, muitos são os desafios; as soluções advém com a criatividade. É possível enfrentar a fome, o frio, a saudade, a falta de banho e de acomodação. Agora, o Estado e a polícia, não. Este retrato fez com que a polícia sérvia se convencesse de que eu não era um “smuggler” (criminoso). Este retrato livrou-me de ser preso. Muito obrigado, Djoko”, escreveu o brasileiro na legenda da fotografia que colocou no Instagram, em que aparece ao lado do tenista.
De novo em liberdade, Raoul Gomes seguiu até ao posto de refugiados mais próximo e continuou o seu caminho, chegando à Alemanha e terminando a sua missão depois de 26 dias a viver como refugiado.
História relatada originalmente pela jornalista Sheila Vieira em https:\/\/bolamarela.pt//bolamarela.pt//storia.me/story/096e8e84e9870000/moment/097dfb38b047d000