Elias: «Ser o melhor português de sempre seria importante, mas não é para isso que treino»
Gastão Elias voltou esta segunda-feira a fazer história pessoal na sua carreira. O número dois nacional melhorou o seu recorde de ranking – 57.º – e tornou-se no segundo tenista luso da história a figurar num lugar mais alto, logo a seguir a João Sousa (28.º). Um feito que deixa o jovem da Lourinhã muito contente.
“Estou, obviamente, muito contente por ter alcançado esse feito. É uma honra fazer parte desse pódio de portugueses. Não é o objetivo que tenho em mente, mas fico satisfeito por isso ter vindo por acréscimo a tudo o que tenho feito”, reconheceu à Lusa desde Lima, onde esta semana vai defender o título conquistado no ano passado no challenger peruano.
O número dois luso lembra os momentos não tão fáceis da sua carreira, em que chegou a duvidar que seria capaz. “Para ser sincero, duvidei muitas vezes. Muitas vezes. Chorei algumas vezes. Tive momentos difíceis, em que achei que já não ia conseguir. Surpreendeu-me o tão difícil, o tão exigente que é este desporto. Sempre tive isso na cabeça, sempre tive em mente que era uma coisa muito difícil, que pouca gente no mundo conseguia chegar ao ‘top 100’ e ser dos melhores do mundo. E eu, muitas vezes, duvidei de que conseguiria lá chegar”.
Depois de ter tido uma carreira “bastante boa” nos juniores, o jogador da Lourinhã, que nesse escalão era considerado um prodígio, achou que tinha grandes hipóteses de subir rapidamente no ‘ranking’ quando começou a caminhada no circuito profissional.
“Mas tive muitas desilusões… a partir do ponto em que comecei a ignorar isso, o achar que não iria conseguir, e a concentrar-me simplesmente no meu trabalho, os resultados começaram a aparecer. Foi isso que aprendi ao longo do tempo e é isso que vou levar para a minha carreira: não me preocupar com resultados, não me preocupar com os ‘rankings'”, revelou.
Rui Machado também mereceu palavras elogiosas. “O Rui é sempre impecável. Assim que ganhei ao Monfils, mandou-me uma mensagem a dizer ‘o número 59 já foi’. Mostrou-se contente. O Rui é uma excelente pessoa, fico até triste, de certa forma, por tê-lo destronado como número dois. Ele é um jogador incrível, merece tudo o que conquistou”.
Apesar de ter alcançado o estatuto de segundo melhor de sempre, o ‘Mágico’ não estabelece como objetivo ‘destronar’ João Sousa. “É óbvio que ser o melhor jogador de sempre de um país é um feito importante, mas como já disse algumas vezes, não foi para isso que comecei a jogar ténis, não é para isso que treino todos os dias. Simplesmente, gostava de ser o melhor que posso ser. Neste momento, por exemplo, ganhar um ATP está à frente de ser o melhor português. Se isso vier como consequência, ficarei feliz, mas não tenho isso como objetivo principal na minha carreira”.