Dolgopolov, o tenista que virou soldado, pede mais ajuda para a Ucrânia
Aos 35 anos, este ex-jogador que chegou às quartas de final do Australian Open, derrotou Rafa Nadal em Indian Wells em 2014, chegou a ser o número 13 do mundo, com cerca de sete milhões de euros em prêmios monetários ao longo da sua carreira. Um currículo pouco habitual dentro do exército. Mas após a invasão da Ucrânia pelo exército russo, optou por se alistar nas forças armadas do seu país, decisão tomada na Turquia, para onde levou a mãe e a irmã para afastá-las do conflito.
Ao contrário de Sergiy Stakhovsky, outro tenista profissional que também se alistou no exército, Dolgopolov não tinha qualquer experiência militar: só tinha empunhado uma arma uma vez antes do conflito e a sua formação foi superficial. No entanto, a experiência como atleta de alta competição o ajudou bastante: força mental, resistência física, disciplina e organização. “O esporte de alta competição é duro”, diz o tenista, que se retirou em 2021 devido a uma lesão, três anos após o seu último jogo, uma derrota por 6-1 e 6-3 contra o sérvio Novak Djokovic em Roma.
Filho de um antigo selecionador de tênis soviético, Dolgopolov afirma ter muito pouco contato com os antigos colegas do circuito.
A decisão de se alistar foi óbvia: “É o meu país, por isso acho que algo tem que ser feito. Tinha muitas razões. Um povo corajoso, a condição bárbara do inimigo e também lutar do lado bom para defender o que é nosso“.
Perante um conflito que se arrasta, apela a um maior apoio dos países ocidentais. Os russos “aprovaram um orçamento de defesa de 100 bilhões de dólares por ano para os próximos três anos (…) Investem tanto que estão em vantagem em tudo, desde os veículos blindados aos aviões passando pelos soldados“, analisa.
O seu primeiro contato com a linha da frente foi em Kherson, mas garantiu que não ficou nervoso. “A primeira vez que fui lá, a unidade estava sendo bombardeada por morteiros. Uma grande parte dela estava combatendo desde 2014 e a invasão da região do Dombass“, diz.
“Quando os vi mais nervosos do que eu, disse OK. Não percebi o que estava acontecendo. Estava bastante calmo, o que, na verdade, é um pouco perturbador e não é muito bom, porque quando não sentimos medo podemos tomar más decisões“, admitiu.
Retornou ileso desse primeiro destacamento, mas nem todos tiveram a mesma sorte. Um voluntário georgiano que conhecia morreu. “Foi uma coisa difícil para nós. Era um jovem, um engenheiro talentoso e muito simpático (…) Tinha pedido um empréstimo bancário porque não tinha dinheiro suficiente para vir para a Ucrânia“, recordou.