Borna Coric: é este o miúdo que vai dominar o ténis?
Aos 18 anos, a esmagadora maioria dos jovens está demasiado ocupado com os exames finais, a escolher o curso e a faculdade para onde irá no ano seguinte ou até mesmo a contar os dias para ter a carta de condução nas mãos. Mas Borna Coric é diferente e, com esta idade, já são muitos os jogadores que o preferem evitar num court de ténis.
Rápido, ágil, com uma esquerda que mete respeito e uma determinação que iguala aquela que os seus ídolos tinham (e ainda têm), Coric é neste momento o mais novo membro do top-100 mundial e o seu ténis está a dar-lhe oportunidades que não esperaria tão cedo. Para já, é número 60 do mundo, mas no seu palmarés conta já com vitórias diante de gigantes como Rafael Nadal e Andy Murray.
– Os primeiros passos –
Nascido a 14 de novembro de 1996, em Zagreb, o primeiro contacto de Borna Coric com uma bola de ténis chegou cinco anos mais tarde. Em entrevista à ATP World Tour, o croata disse que era um pouco hiperativo e que surgiu então a necessidade de praticar alguma atividade física, que seria escolhida logo após ver o seu pai a jogar ténis.
Nos primeiros tempos, Borna “batia bolas” com a sua irmã, Bruna, do outro lado do court, mas depressa surgiu a necessidade de adversários mas competitivos. A entrada numa academia de ténis em Zagreb deu-lhe o previlégio de ser acompanhado de perto por nomes como Goran Ivanisevic, que diz ainda lhe ligar todos os dias, e por Mario Ancic.
Aliás, estes são dois dos ídolos que Borna Coric procurava imitar quando os via na TV. O terceiro modelo a seguir era Rafael Nadal, o mesmo Rafael Nadal que derrotou nos quartos-de-final do ATP 500 de Basileia, em 2014. O jovem de 18 anos é também fã de Mike Tyson (e de boxe), pois diz ser “uma boa forma de tirar a raiva para fora do sistema”. O seu livro de eleição é, aliás, Undisputed Truth, da própria lenda do pugilismo.
– Passagem pelo circuito júnior –
A estreia de Coric no circuito júnior deu-se com apenas treze anos, em abril de 2010, na Bósnia-Herzegozina, num torneio de Grade 5. Cerca de um ano depois, disputou a sua primeira final, na Turquia, e o primeiro troféu veio logo a seguir, num evento de Grade 4.
Até final de 2013, ano em que foi forçado a abandonar os juniores para passar a lutar por troféus com “gente grande”, Coric conquistou um troféu de pares de Grade A e cinco troféus em singulares, incluíndo o US Open de 2013 – derrotando os também talentoso Alexander Zverev e Thanasi Kokkinakis nas duas últimas rondas – para se despedir com chave de ouro: o trono da hierarquia mundial. Estava lançado o mote para o que estava para vir.
– 2014: o ano em que todas as atenções se viraram para si –
No arranca da temporada de 2014, Borna Coric ocupava a 301.ª posição da classificação, tendo como principal objetivo terminar o ano entre os 200 primeiros. O início do ano ficou marcado pela disputa de alguns Futures, mas foi na reta final que o prodígio croata começou a dar que falar.
“Não há muitas diferenças entre os Grand Slams e o Challengers em termos de qualidade de ténis. Está tudo na cabeça, e acreditar que se pode vencer é muito importante. Há um ano, eu não faria o aquecimento antes de um treino nem alongava no final. Quando estás no top-10, esse tipo de coisas não podem acontecer”, comentou Coric.
Para além de ter disputar a segunda ronda do US Open depois de furada a fase de qualificação, e de ter vencido o seu primeiro torneio Challenger, na Turquia, Coric teve um convite para disputar o torneio de Basileia, o torneio que alavancou a sua carreira para um nível onde não esperaria conseguir chegar.
Pelo caminho nas primeira duas rondas ficaram Ernests Gulbis, então número 13 do mundo, e Andrey Golubev (66.º ATP). Já nos quartos-de-final, será a vez de Rafael Nadal provar um pouco do veneno (e da esquerda) do pupilo de Zelijko Krajan naquela foi, até ao momento, a melhor vitória da sua carreira.
Semanas mais tarde, viajava para Londres onde recebeu o prémio “Estrela do Amanhã” pela ATP World Tour, e o objetivo de ficar entre os 200 primeiros no final do ano resultou na 102.ª posição, depois de uma rápida passagem pelo top-100.
– Comparação com Novak Djokovic –
As similaridades já tinham sido apontadas por Goran Ivanisevic no final de 2014, mas desta feita, foi o próprio Novak Djokovic a fazer a comparação com um jovem que “tem um futuro risonho à sua frente” e que “é o melhor do mundo com a sua idade”. Contudo, Roger Federer já alertou para os perigos desse tipo de comentários.
“O Borna costuma ir para além dos seus limites”, comentou o seu compatriota, Marin Cilic, “e essa é uma das suas melhores qualidades. Ele não tem medo e, em 2014, teve até algumas cãibras por se superar a si mesmo. Fiquei um pouco surpreendido quando ele derrotou o Rafa, mas isso demonstra o espírito e a sua forma de jogar”.
– Há quem se limite a ganhar. Coric gosta de ganhar com estilo –
Rafael Nadal, Ernests Gulbis e Andy Murray. O que é que todos eles têm em comum? Para além de terem perdido para Borna Coric, todos eles estão no YouTube devido a excelentes pontos que o teenager conseguiu contra eles. Quer seja em longas trocas de bola:
…a realizar passing shots de costas…
… ou então a fazer um smash enquanto recua no court:
– Ele vai pisar o pó-de-tijolo do Estoril –
Fã do Dínamo de Zagreb – equipa que já foi sofreu derrotas pelos três grandes da liga portuguesa nas competições europeias -, Borna Coric tem como objetivo assumido para 2015 o top-50, mas a verdade é que ainda nem março chegou ao fim e já a 60.ª posição da hierarquia é sua.
Apontado como futuro número um do mundo e campeão de títulos do Grand Slam, o jovem de 18 anos é a terceira confirmação para o Millennium Estoril Open e, a evoluir desta forma, há boas hipóteses de chegar ao Clube de Ténis do Estoril na condição de cabeça-de-série e de mostrar toda a sua magia no torneio português.
Porque o seu lema diz que “não há nada pior na vida do que ser vulgar”, estando bem visível para todos os que o queiram partilham: