Rezai arrasa Mouratoglou: «Acordava-me às 6 da manhã e não me deixava comer. Era uma prisão»

Rezai arrasa Mouratoglou: «Acordava-me às 6 da manhã e não me deixava comer. Era uma prisão»

Por José Morgado - maio 11, 2020
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Aravane Rezai, agora com 33 anos, foi em tempos uma das tenistas mais talentosas, mas simultaneamente interessantes e intrigantes do circuito feminino. De origem iraniana, mas nascida em Saint Etiénne, a antiga top 15 mundial inspirou com a sua história de ascensão ao topo do ténis feminino, que começou com a jovem a viajar numa caravana pelos torneios na Europa, na companhia do seu pai e treinador. A sua carreira terminou prematuramente, ainda antes dos 30, não apenas devido a problemas físicos, mas muito especialmente graças a problemas pessoais — e técnicos — com o seu pai, que acusou anos mais tarde de abuso e violência, durante os treinos e em casa.

Agora, 10 anos depois da sua maior conquista, em Madrid 2010, e em entrevista exclusiva ao site espanhol ‘Punto de Break’, Rezai revive esses momentos e não poupa nas palavras em direção ao seu pai. “Quando terminei a minha relação com o meu pai não se tratou apenas de uma questão profissional, mas pessoal. Eu deixei de falar com a minha família. Afastei-me deles pois estavam a destruir-me. Precisava de respeitar, de descansar. Passei por uma depressão profunda, isolei-me e deixei de treinar. Hoje em dia sou uma pessoa melhor, diferente, com amigas que são a minha verdadeira família. Quero que as pessoas conheçam esta Aravane e não a antiga”.

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Rezai arrasou ainda Patrick Mouratoglou, atual treinador de Serena Williams e um dos homens por detrás do seu sucesso em 2009 e 2010. “Mouratoglou era um homem apaixonado pelo ténis. Acho que se nota isso. Não diria que é um grande treinador, mas sim um grande homem de negócios. Sabe como fazer as coisas, como analisá-las. É o melhor nesse aspeto. Vocês nem imaginam a pressão que ele me colocou para ganhar Madrid em 2010. Só podia beber um copo de leite por dia, era obrigada a comer o que ele queria, não podia atender o telefone. Obrigava-me a acordar às 6 da manhã e ir correr bem cedo e depois voltava a fazer físico antes dos meus encontros. Era como estar na prisão. O meu pai já colocava muita pressão sobre mim, mas o Patrick achava que colocando uma pressão extra ia fazer-me ser melhor jogadora. E nesse aspeto acertou.”

Rezai explica que a ligação a Patrick também terminou rapidamente. “A minha relação com o Mouratoglou durou apenas mais um ano depois de Madrid 2010. As pessoas viam o que se passava e chamavam-me à atenção. A ele nunca lhe interessava a minha saúde mental, que me estava a queimar por dentro. Estava magra, era como se fosse um soldado. Ele queria reconhecimento através dos meus resultados. Fama. E conseguiu isso.”

 

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Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 13 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: josemorgado@bolamarela.pt