Afinal quais são os gastos de um tenista da alta competição? Isner explicou (ao pormenor)

Afinal quais são os gastos de um tenista da alta competição? Isner explicou (ao pormenor)

Por Nuno Chaves - junho 25, 2019

Que o ténis é um desporto muito exigente financeiramente, isso não é grande novidade. Mas afinal quanto é que um tenista de alta competição gasta no seu dia a dia? John Isner, top 15 mundial, explicou ao pormenor à revista Forbes e comparou, por exemplo, com o basquetebol.

O norte-americano justificou. “Acho que a forma mais fácil de explicar os gastos de uma carreira de ténis é comparar com outro desporto e ver algumas diferenças. Vamos analisar o basquetebol. Sou o Dirk Nowitzki. Durante os jogos em casa vivo em Dallas, durante os jogos fora de casa vou de avião com a equipa e fico no hotel da equipa. A organização dos Dallas Mavericks tem uma lista completa de profissionais, desde executivos, treinadores, fisioterapeutas e pessoal médico, todos os quais o clube lhes paga o ordenado para que me apoiem a mim e o resto da equipa”, exemplificou Isner.

Foi então que o tenista passou para a primeira pessoa. “Agora sou o John Isner. Quando viajo para um Grand Slam, tenho de procurar um lugar para ficar, também para a minha família e equipa. Eu e 256 homens e mulheres, mais turistas e meios de comunicação, toda a industria do ténis procura casa na mesma zona, nas mesmas semanas”.

“Este ano, em Wimbledon, encontrei uma boa casa perto do All England Club e custou-me cerca de 30 mil libras durante o período do torneio. O dinheiro do prémio da primeira ronda em Wimbledon é de 45 mil libras. Somando voos, salários e gastos para a minha equipa, ficaria a perder dinheiro no geral”, revelou Isner.

Mas os gastos não ficam por aqui. “Também tenho um staff completo durante o ano. Tenho um treinador, o David MacPherson e é um dos melhores do mundo. Tenho um massagista, o Clint Cordial, que trabalha para me manter bem fisicamente. Eu pago os seus salários. Compro voos quando viajamos pelo mundo semanalmente. Pago hotéis e comida. Além disso tenho uma agência externa, que tem um custo correspondente, para me ajudar, assim posso focar-me só em ganhar jogos”, contou.

Isner falou também… dos impostos. “Os jogadores têm diferentes acordos com agências mas, geralmente, elas cobram uma taxa entre 10% a 20% dos contratos que nos arranjam. Depois há os impostos. Das 45 mil libras da 1ª ronda de Wimbledon, a taxa de imposto é de aproximadamente 45%. Cada país é diferente e há algumas regras complicadas, mas o que tento explicar é que os impostos são significativos e devem ter-se em conta, já que os prémios de cada torneio parecem ser brilhantes, mas pode variar substancialmente aquilo que vai para o bolso de cada jogador”.

O norte-americano terminou o raciocínio com mais uma comparação com Dirk Nowitzki. “Os meus gastos são, em grande parte, um custo fixo, independentemente daquilo que eu ganho. Tenho não passar o ano todo a perder nas primeiras rondas dos torneios, mas o ténis é um desses desportos em que nada é garantido. Do mesmo modo que os Dallas não deixam de pagar a todo o pessoal depois de algumas derrotas”, concluiu.

Jornalista na TVI; Licenciado em Ciências da Comunicação na UAL; Ténis sempre, mas sempre em primeiro lugar.